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A Necessidade da Pregação Expositiva

 


Muita "balela" é pouca expositividade, esta é a clara e deprimente realidade nos nossos dias, em tempos onde fazer o povo "pipocar" é mais atraente do que fazer o povo entender a pregação expositiva tem sido deixada de lado, quando isso não acontece, nos deparamos com teólogos que estão mais preocupados em mostrar seu anel de formatura ou seu grau de intelecto do que pregar a pura e simples mensagem do Senhor!

Os pregadores estão vivendo à pregar sem estar com os olhos no texto, seus olhos focam boas histórias, profundas ilustrações, dominam facilmente as lágrimas dos olhos das pessoas, mantém uma presença de "pulpito" invejavel pelos seus concorrentes que disputam os pulpitos mais lucrativos! Quando os olhos do pregador não estão no texto, ele se torna manipulador, movimentador de massa, artista de pulpito e muitas outras funções que não tem completamente nada haver com ser um mensageiro da parte de DEUS. Oh! Quão grande e boa tarefa recebemos, proclamar a Cristo, ser embaixador, porta voz, servo, amigo do Rei dos reis e Senhor dos senhores!


Não venda, não se deixe ser manipulável, se detenha na prática verdadeira da pregação expositiva! Pregar expositivamente e transmitir a mensagem de Deus como mensagem de Deus e não como mensagem do nosso coração, e não como mensagem teologizada em Berkhof, não limitada a posições teólogicas, sem conteudo bom e sincero! Os grandes autores e pregadores da história quando se referem a "Charles H. Spurgeon" como Principe dos Pregadores, carregam consigo uma forma unanime de avalia-lo chegam todos a conclusão que o sermão de Spurgeon era composto por duas características pouco lembradas e interessadas pelos pregadores de então. Essas características são: Clareza e Simplicidade! Nada de palavras de efeito moral, que são lembradas pela beleza mais negligenciada pela ação! Mais palavras de simplicidade que escavam a alma do ouvinte e fazem brotar sementes gigantescas de Fé, Esperança e Amor!


Não tenho mais nada a dizer, senão: Voltemos a pregação expositiva, voltemos a apresentar a Bíblia como de fato ela é, a única, viva e poderosa Palavra de Deus!


Hugo Ribeiro


A Oração Que Jesus Nos Ensinou

Antes de iniciar meus comentários concernentes a oração modelo ensinada por Jesus aos seus discípulos, quero apresentar a definição do termo “dominical”, expressão usada como parte do título desta postagem. Pois bem, a "oração dominical” significa a “oração do Senhor”, pois a expressão em destaque é oriunda do latim “dominus”, o qual apresenta como significado as palavras “dono” e “Senhor”.

Logo, orar é falar com Deus, excluindo totalmente as possibilidades de recitações despojadas de espontaneidade e decoradas. Jesus, em continuidade ao sermão da montanha, instrui seus discípulos sobre a maneira correta por intermédio da qual estes deveriam efetivar suas orações.

Da mesma maneira que uma criança aprende a falar, o processo de oração utiliza-se praticamente da mesma sistemática, ou seja, uma criança aprende a falar ouvindo e praticando. Observa-se que toda criança com problemas de audição, conseqüentemente tem muito mais dificuldades em aprender a falar e posteriormente de se expressar, do que aquelas que têm perfeita audição.

Com os discípulos de Jesus não foi diferente, os mesmo tiveram que ouvir os ensinamentos do Mestre para então, aprenderem a maneira correta pela qual deveriam falar com o Deus Pai. Por intermédio da oração dominical Jesus estava lhes ensinando a importância de se despirem de todo orgulho pessoal e de seus egoísmos, onde deveriam deixar de lado seus desejos pessoais e mesquinhos.

Vamos observar as preces contidas dentro desta oração:

Pai nosso, que estás nos céus. Esta oração possui na sua gênese o substantivo masculino Pai, o qual sintetiza para si todas as demais palavras, pois esta é a chave primordial, e para tanto, abre a oração. Esta pequena palavra, composta por apenas três letras, dentro do contexto no qual estamos abordando, reveste-se de singular importância, expressando nossa identificação com o Todo-Poderoso na condição de filhos seus, representando neste ato a antecipação das bem aventuranças inerentes ao reino de Deus. A segunda palavra sabiamente usada por Jesus Cristo é “nosso” que exclui toda singularidade e individualidade, reforçando a idéia de que somente somos filhos de Deus em conexão com a pessoa bendita de Jesus Cristo, por intermédio do qual somos adotados pelo Altíssimo como seus filhos e coerdeiros de Cristo. Em outras palavras, Jesus estava dizendo que Nele somos detentores daquilo que também lhe pertence, considerando a mesma filiação.

Uma terceira expressão ainda é apresentada nesta mesma prece: “que estás nos céus”. A princípio nos parece um paradoxo, ou quando muito, base para semelhança de um Deus distante. Mas no âmago desta declaração a realidade é absolutamente outra, pois o céu estava tão próximo daqueles discípulos no momento da declaração feita por Jesus o quanto está hodiernamente de nós. 

Os céus, por intermédio de Cristo e em Cristo, estão devidamente abertos sobre nós, pois onde o Filho de Deus está, aí também está o céu: Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou no meio deles” (Mt 18.20). Porém não confundamos a plenitude do reino que há de vir em um futuro escatológico.

Santificado seja o teu nome. À medida que Jesus discorre sobre a oração modelo, ele usa a expressão “santificado seja o teu nome”, que de forma alusiva inclui a solicitação de tal fato, e ao mesmo tempo, declara a admissão de que nós não estamos, da maneira que convém, santificando o nome do Todo-Poderoso.

Mas será que Deus, ou melhor, o seu nome precisa ser santificado por nós, meros pecadores e por isso mortais? Imagine um pai de família, com comportamentos e ações extremamente ilibadas diante da sociedade onde vive, mas que tem um filho que é justamente o contrário do seu perfil. Esse pai obviamente ama seu filho, e não quer ter o desgosto de que as pessoas tenham uma visão distorcida a respeito do seu descendente, e nem muito menos, que por intermédio dos seus atos sua imagem possa ser comprometida ou levada a efeito de culpa pela ação do filho.

Martinho Lutero em seu Catecismo Menor afirmou: “O nome de Deus, na verdade, é santo em si mesmo. Mas suplicamos nesta petição que seja santificado também entre nós.” Ao orarmos devemos pedir a Deus que ele nos ajude a viver uma vida que transpareça a sua presença em nós, que o nome dele possa ser glorificado por intermédio de nossa conduta, e que de maneira precisa possamos ser libertos de levar seu santo nome ao descaso e descrédito por meio de ações contraditórias aos preceitos bíblicos.

Logo, pedir a Deus que o seu santo nome seja santificado, é rogar a Ele que faça uma limpeza em nossa vida, e que assim como a luz da aurora vai aumentando até se tornar dia perfeito, possa ser também assim com nossa vida.

Venha o teu reino. O primeiro aspecto a ser observado nesta composição frasal por intermédio do ensino ministrado pelo Mestre Jesus, é que não aguardemos sua vinda de maneira passiva, mas que possamos estar ativos e interessados neste evento. 
Vejamos o que disse Paulo aos romanos (8.23 – NTLH): “(...) nós, que temos o Espírito Santo como o primeiro presente que recebemos de Deus, nós também gememos dentro de nós mesmos enquanto esperamos que Deus faça com que sejamos seus filhos e nos liberte completamente.” Se realmente estamos em conexão com Deus, nossa esperança estará centrada naquilo que o Pai tem preparado para nós, e em nosso intimo haverá um brado de “maranata” – “ora vem Senhor Jesus!”.
O segundo aspecto a ser levado em conta é que nossa esperança não deve repousar somente na vinda de um reino futuro, mas devemos ter a plena consciência que por intermédio do Filho de Deus este reino está entre nós, de forma ética, moral e espiritual e mais presente do que nossa limitação humana possa imaginar. Jesus não faz parte apenas de um passado histórico, nem de um futuro que talvez esteja próximo ou distante, mas de um momento presente e real, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto. E se Jesus está em nós, podemos concluir que o reino de Deus está sobre seus filhos. Esta perspectiva não pode ser visualizada com os olhos humanos, mas apenas vislumbrada pelos olhos da fé.
A palavra de Deus assemelha o seu reino ao fermento e ao grão de mostarda, e foi justamente para isso que Cristo veio ao mundo, para que o reino crescesse e frutificasse. Esta vinda secreta do reino será plenamente manifesta no momento em que Cristo vier na sua glória, e então estabelecer seu Reino. Mas enquanto isso continuemos nessa constante expectação, clamando “venha a nós o teu reino”, semeando o evangelho de Jesus Cristo como membros ativos da missão a nós imposta.

Seja feita a tua vontade. Isso primeiramente nos fala de submissão, fato este claramente representado pelas atitudes de Jesus durante o exercício do seu ministério terreno, o qual levou o seu querer e necessidades pessoais em submissão ao Pai até o fim; deixando-nos exemplo. Todavia, pedir a Deus que seja feita a sua vontade, é colocar em submissão o ser humano interior e os sentimentos do seu coração de onde provêm todos os maus pensamentos e desígnios.
A vontade de Deus é soberana: “A vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna” (Jo 6.40). O apóstolo Paulo também dá sua colaboração com o texto exarado em na primeira carta aos Tessalonicenses 4.3: “pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação (...)”.

Assim na terra como no céu. A vontade de Deus no céu já está plenamente em evidência. Na terra, portanto, há o conflito da vontade de satanás o qual influência  direta ou indiretamente o homem, bem como os interesses particulares do homem. Que a vontade de Deus possa, além do controle espiritual e celestial, imperar também na esfera terreal de nossas vidas.

O pão nosso de cada dia nos dá hoje. Parece algo em desacordo se considerarmos a evidência de termos o que nos alimentar. Todavia, o pronome possessivo “nosso” na Bíblia não representa a idéia de posse absoluta, pois tudo aquilo que está ao nosso alcance não é de fato nosso mas de Deus. Ele, porém, em sua bondade e misericórdia permite que nos tornemos participantes daquilo que está sob seu pleno domínio.

E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores. Aqui encontramos um taxativo exemplo de confissão de pecados, onde tornamos de forma consciente a publicação e reconhecimento, diante de Deus, dos nossos pecados e desobediências, em conexão com a igreja a que pertencemos.
Concernente aos nossos pecados, precisamos confessá-los a Deus diariamente, a cada dia precisamos enterrar o velho Adão, da maneira que precisamos a cada dia da misericórdia do Senhor. E da mesma maneira, assim como Ele perdoa nossas ofensas, devemos nós externar o exercício deste perdão, na mesma medida, para com aqueles que nos ofedem.

E não nos deixes cair em tentação. A tentação obedece a duas vertentes, a interna que está atrelada a própria carne e a externa que firma conexão com as setas lançadas pelo maligno. Tanto uma quanto a outra obedecem ao mesmo objetivo, que é substituir o lugar de Deus em nossas vidas por aquilo que é efêmero, pecaminoso e maligno.  A tentação é algo que está constantemente presente em nossas vidas, e enquanto estivermos vestidos deste corpo corruptível, inerente as vicissitudes da vida, será impossível escaparmos destes ataques, sejam eles abstratos ou concretos. Por isso devemos pedir a Deus forças para vencermos a tentação que se opõe a nós, para não cedermos e alcançarmos a vitória nos dilemas que tentam nos persuadir diariamente na jornada desta vida terrena.

Mas livra-nos do mal. Esta petição vai um pouco além da anterior, pois além da solicitação de livramento ante a tentação, há o rogo de que sejamos libertos também do tentador.
Ao orarmos a Deus, nos opomos ao tentador, e nesta vertente seguimos ao lado do Criador rejeitando todas as obras malignas do nosso oponente. Há, porém em nós, a necessidade de termos um libertador, e este é o próprio Deus que intervém em nosso favor, pois por nossas próprias forças não somos capazes de nos livrarmos do mal que nos cerca e se nos opõe.

Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Após sete petições a oração é encerrada com uma declaração honrosa de poder e soberania. Na verdade esta declaração constitui-se também num reconhecimento do poder soberano de Deus, ao ser citado que o reino é dele, pois anteriormente havia sido solicitada a vinda do próprio reino.
Nesta oração não há referências diretas a Jesus, mas, subjetivamente Ele está em todas as composições frasais da aludida prece, pois Ele mesmo fez a completa e plena vontade do Pai; por intermédio dele chegou e chega até nós o reino divino o qual ainda há de se manifestar plenamente em um futuro escatológico; pelo Filho, Deus nos perdoa os pecados; Jesus venceu o pecado e há de vencer o tentador no dia da sua vinda em Glória.

Amém. A expressão “amém” que originariamente significa “fiel, verdadeiro e confiável”, que não era tão comum o seu uso no final de orações, isto biblicamente falando; fora incluída aqui, provavelmente por causa da doxologia que encerra o oração dominical, a qual em sua conclusão exalta a Deus como Senhor do reino, dotado de glória e grande em poder.

Fraternalmente em Cristo,

Ângelo dos Santos Monteiro
A.S.M